Na quarta-feira, tinha bilhete para ir com os amigos X e N ver os Klezmatics, banda que se dedica à música Klezmer (música judia azkhenazi, ou seja, Europa de Leste).
Quer, muitas vezes, o destino que o pessoal esteja doente quando menos jeito dá, o que é o caso. Na quarta, começaram os sintomas da gripe malvada que me assola e cheguei à casa dos amigos para lanche ajantarado com uma valente dor de cabeça.
Já quase à porta do Culturgest, começa-me a inchar o lábio. Pensei eu: "bonito serviço, como se já não bastasse esta maldita constipação, ainda tinha de vir um bicho estúpido morder-me precisamente o lábio".
Pois, não era um bicho. Soube no dia seguinte que era febre, prenúncio da **** da gripe. Por isso, este relato é de um concerto visionado por uma crítica com febre, logo, levem esse facto em consideração na leitura.
Passei a primeira meia hora do concerto a tentar perceber se a minha beiça "à la Angelina Jolie" ia crescer mais, nomeadamente se se alastraria a partes de não convêm, tipo traqueia (drama de todas as pessoas alérgicas). Não dei por isso grande conta do que se passou nessa altura, sorry.
Depois a música absorveu-me a atenção e deixei-me de mariquices. Voltei a elas já depois de me despedir dos meus amigos, mas isso agora não interessa nada.
A música Klezmer lembra muito a música ouvida nos filmes do Kusturica. Tem acordeão, violino, percussão e metais. Quando é triste, faz chorar as pedras da calçada, quando alegre, é excessiva, rápida e frenética. Em qualquer dos estados de alma, é uma música muito bonita.
É cantada em iídiche (é assim que se escreve em tuga, acreditem ou não), língua falada pelos judeus azkhenazi na Europa central e de leste e que tem enormes semelhanças com o alemão. Quem falar alemão, percebe frases inteiras das canções, o que é um bónus acrescido.
Com a sucessão de canções, começaram a proliferar as canções alegres. E estranhos fenómenos se produzem durante estas músicas. O esqueleto começa a sentir umas vibrações e começa a pedir para se levantar e dançar. Alguns membros do público cederam logo à tentação muito cedo. E aproximadamente metade do público acabou por perder a vergonha nos encores e levantou-se para abanar também o esqueleto. A sério, é mais forte que a pessoa, eu não me levantei e só abanei a pernita e a cabeça, mas estava já no limite da resistência para me levantar. Mas gritei um bocado no fim para compensar a falta de movimento.
Estas canções começam sempre rápidas, mas por incrível que pareça, conseguem ainda acelerar mais até ao fim. Resultado, multidão em êxtase, a gritar e a dançar. O que num concerto destes é obra.
A banda é irrepreensível, multi-instrumentistas quase todos e todos cantam, muito bem, diga-se de passagem. Devem ter ficado impressionados com o público porque fizemos birra, assobiámos e batemos o pé até eles voltarem ao palco, isto quando as luzes já estavam ligadas. Por isso, próximas oportunidades há-de haver para testemunhar um concerto destes senhores.
Podem achar que o entusiasmo se deve à febre, mas não me parece. A X pode ser que apareça aqui a confirmar o meu relato, que por ser longo, fica por aqui sem mais achegas. Mas havemos de voltar aos nossos amigos Klez.
4 comentários:
Black Cat, ao ler o seu comentário para aprovação, o dedo escorregou-me e rejeitei em vez de publicar. My bad. Pode repetir, se faz favor?
"Resultado, multidão em êxtase, a gritar e a dançar."
ai credo mulher... o que eu já me ri com este texto houve um momento que pensei que descrevias uma seita religiosa. Ainda bem que te divertiste apesar da beiçola ;).
GRRR!!! O que eu disse foi que não sabia que a menina era sósia da Angelina Jolie... Agora que falas no assunto, reparo que és parecida com ela… Aliás, esse facto justifica o porquê de os gajos só olharem para ti quando estamos juntas!... :-) Hum, acho que tenho que ir fazer uma plástica, senão tu ficas com os gajos todos!!!
K, bem se vê que nunca assististe a um concerto ao vivo à séria. Um bom concerto é comparável a uma experiência religiosa.
BC, só mesmo a beiça é que estava parecida. E podes estar descansada quanto aos gajos.
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