Na segunda fase das jornadas do património, optámos por algo mais fora do comum e deslocámo-nos até ao Hospital Miguel Bombarda. Para quem não sabe, este é um hospital psiquiátrico. Apanhámos a visita em andamento, quando a guia já estava a aproximar-se dos balneários D. Maria II com o grupo. Os balneários estão em estado de degradação mas dava para perceber como teriam sido em tempos mais áureos.
Parte do problema será facto do hospital estar em processo de encerramento e, assim, a preocupação de preservar que já não costuma ser muita, ser aqui mesmo muito pouca.
A segunda parte da visita é ao pavilhão de segurança. Aqui ficavam os doentes mais perigosos e os criminosos com problemas mentais. É um edifício único, um panóptico, redondo e com visibilidade total por parte dos guardas. O segundo guia disse logo de abertura que estava cansado e que lêssemos o folheto. Apenas explicou algumas características arquitectónicas do espaço e o facto de não conhecer edifício equivalente no mundo.
A foto não dá bem para perceber o espaço, mas apenas uma foto aérea lhe faria justiça. Essas fotos estão na net, é questão de procurarem no google.
Este é o exemplo de uma cela. Por esta altura, o guia começou a dizer que preferia que não se tirassem fotos, porque as pessoas as descontextualizam. Ainda estive para não colocar aqui nenhuma foto, mas achei que isso seria a pior descontextualização que faria.
Acho que todos sabemos que nem sempre os doentes mentais foram tratados com humanidade. Nada aqui indicava o tratamento incorrecto dos doentes.
Além disso, este pavilhão é agora um museu e não faz o serviço para que foi destinado.
Esta é a sala de reuniões, um pouco mais ampla que as que a ladeiam. Esta foto já foi tirada depois do aviso, mas tendo em conta que encontrei na net um blog pejadinho de fotos do pavilhão, uma das quais do guia todo sorridente, se vocês quisessem até poderiam encontrar reportagens mais abrangentes que a minha. É fazer a busca por hospital de Rilhafoles.
Além das celas propriamente ditas, também havia material médico, objectos e arte dos doentes em exposição. Nada de chocante ou passível de ser descontextualizado, devo acrescentar, à luz que não ter fotos de tudo para mostrar. Também é possível visitar a gabinete do Dr. Miguel Bombarda, onde foi assassinado em vésperas da instauração da República.
É possível visitar todo o ano e recomenda-se a quem se interesse por medicina e arquitectura. Eu aproveitaria para ir lá rapidamente, uma vez que o hospital será desactivado mais tarde ou mais cedo e poderá não se ter o cuidado de preservar os edifícios.