segunda-feira, setembro 03, 2007

Ver para crer


Exposição O Corpo Humano

E como já estava planeado, acabei por ver a exposição dos chineses polimerizados, com a sorte de ter aproveitado uma promoção muito simpática nos bilhetes.

Tirando a secção dos fetos, que admito que pode chocar algumas pessoas e que por esse motivo está devidamente sinalizada, não achei nada chocante. Os cadáveres parecem bonecos de borracha e apenas pelas mãos, podemos reparar que são corpos preservados.

Apesar disso, eu, pelo menos, senti uma leve sensação de voyerismo e desrespeito, porque não deixam de ser corpos humanos e já foram pessoas. É engraçada a nossa reacção ao invólucro de uma pessoa, que não tendo dignidade humana, ainda tem resquícios dela.

Eminentemente educativa e com painéis explicativos bem conseguidos, nem será necessário o audioguia para seguir a exposição, sem grandes dúvidas. O que é certo é que nunca vi nada tão esclarecedor sobre o corpo humano e aprendi uma série de coisas novas ou já esquecidas. A traqueia tem um diâmetro maior que o esófago e é a pele o orgão mais pesado do corpo, e não o fígado.

Percebi porque as pessoas que tiram o estômago continuam a fazer a digestão, pois é o intestino delgado que leva a cabo a maior parte desta operação. Porque os cancros gástricos se espalham tão depressa para outros orgãos, uma vez que estão todos colados uns aos outros. E porque o fígado tem tanta tendência para ter metástases, já que todo o sangue do corpo por lá passa e traz as células criminosas.

Nota mais negativa ao tom comercial que rodeia isto. Sai-se da exposição e tem-se direito a uma garrafa de água de um patrocinador, ganha-se uma sobremesa noutro. Se os bilhetes fossem mais acessíveis, não havia necessidade disto, pois não?

Apesar de tudo, recomenda-se vivamente aos apaixonados da ciência e do corpo humano, a criancinhas em idade escolar e pessoal da área da saúde. Ver para crer, mas também para perceber como as coisas funcionam.

Acaba no final deste mês e já há filas durante os dias da semana.

6 comentários:

Babe Certificada disse...

Admito que possa ser uma boa exposição, de valor acrescentado, ect etc etc... infelizmente, não tenho estômago para a ver! A simples ideia horroriza-me! Sou uma fraca!

Anónimo disse...

Todas as questões relacionadas com o corpo humano me interessam. Ainda não fui, mas quero ver se vou.

Precious disse...

Babe, é uma questão de mentalização. Temos de recordar-nos que não se trata de pessoas, mas quanto muito do invólucro de pessoas. Vendo não parecem cadáveres.

Kitty, fazes muito bem. Mas tens de te apressar. Para o fim, há-de haver em dificuldade em entrar.

Anónimo disse...

Miss Precious, nada de dizer mal da sobremesa grátis. Olha que aquele Apple Crumble, além de delicioso, dava para alimentar todos os refugiados de Darfur durante um mês.

Anónimo disse...

Cadáveres, não, obrigada!
Lá chegará o dia em que eu serei cadáver, e nessa altura terei muitooo tempooo para o assunto.

Precious disse...

Poderosa, não estou a criticar a sobremesa, estou a criticar a necessidade de haver bónus e vantagens devido ao preço do bilhete. À sobremesa, não há nada a apontar.

Cat, o interesse da exposição não é o facto de estarem cadáveres em exposição, se bem que admito que há-de haver uma parte do público que se sentirá atraída por isso. Vão ficar desiludidos porque a exposição não é nem mórbida, nem macabra.