segunda-feira, maio 21, 2007

O Corpo Humano como nunca o há-de ver se não tiver aquilo com que se compram os melões


@sic.sapo.pt


Este mês chegou a Lisboa uma exposição que já correu o globo, provocando o dissenso por onde passava. Curiosamente em Tugaland, a polémica foi fraquinha, se é que a houve. Mas entre o desaparecimento da criança britânica e a decisão do campeonato da bola, temos estado entretidos.
Estou a falar da exposição “O Corpo Humano Como Nunca O Viu Antes”, que utiliza cadáveres para exemplificar a anatomia humana.
Através de um método designado polimerização, consegue-se preservar um cadáver, mantendo as características originais. O criador deste método de “plastificação”, pois é isso que efectivamente se trata, chama-se Gunther von Hagens. Este senhor conseguiu obter as reacções mais variadas com esta brincadeira, desde aclamação até à contestação. Os cadáveres utilizados são provenientes da China e um dos motivos da contestação é precisamente a alegação de que os “objectos em exposição” são vítimas de execução, compradas ao estado chinês.
Porque me terá dado para falar nisto? Porque admito que acho o conceito interessante e gostava de ir ver a exposição. A ideia de exibição de cadáveres não me choca, porque entendo que não envolve profanação. Afinal, há quantos anos são exibidas publicamente múmias das mais diversas origens? E delas, ninguém fala com choque.
Esta exposição, para mim, levanta um problema de ordem diversa. O bilhete custa para um adulto sem direito a descontos, €19,50 durante a semana e €21,00 no fim-de-semana e feriados. Desculpem lá, amiguinhos, mas se a exposição é extremamente educativa, não seria lógico que fosse acessível ao maior número possível de pessoas? Com estes preços, parece-me que o educativo cede lugar ao comercial.
Sim, eu compreendo, andar com um monte de cadáveres plastificados às costas, de país em país, não há-de ser a coisa mais fácil, sobretudo se exigirem manutenção. Há-de envolver uma burocracia medonha e um rasto de papel infindável, com os custos a isso inerentes. Mas num país como Portugal é em que o salário mínimo ultrapassa em pouco os €400,00, uma família de papá, mamã e dois filhos leva um rombo desgraçado no orçamento se a for ver.
Até Outubro, altura em que a exposição retoma a viagem, ainda vou pensar se vale a pena. Mas que apetece mandar os cadáveres chineses à fava por causa da irrazoabilidade do preço, isso apetece.

17 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso ouvi falar da dita exposição, e já vi alguns vídeos da mesma... Estava à espera de algo mais chocante... Os cadáveres até estão em bom estado ( ;-) ), e concerteza será uma exposição interessante para quem gosta de anatomia.

Maria Abranches disse...

Não podia estar mais de acordo! É algo revoltante este negócio, embora confesse que o interesse da exposição tem estado a tentar desafiar os cordões da minha bolsa...
P.S: Gostei das fadas disfarçadas! ;)

Anónimo disse...

Tinha imensa vontade de ir ver a exposição, mas ainda não sabia do preço... Realmente, é de fazer alguém pensar duas vezes. Mas olha, se decidires que queres ir ver e quiseres companhia, eu alinho. Até lá, vou amealhando uns tostões para a entrada...

Anónimo disse...

Tinha imensa vontade de ir ver a exposição, mas ainda não sabia do preço... Realmente, é de fazer alguém pensar duas vezes. Mas olha, se decidires que queres ir ver e quiseres companhia, eu alinho. Até lá, vou amealhando uns tostões para a entrada...

Precious disse...

Crow, nada como o plástico para preservar as coisas.

Mary, isso das fadas é um plágio ao filme "A Educação das Fadas", o padrasto diz ao filho que os apanhadores de cogumelos andam às vezes à procura de fadas para as comerem em tortilhas.

Olha, Poderosa, vou pensar no assunto e logo te digo. Mas, à cautela, podes começar a encher o porquinho mealheiro.

Anónimo disse...

Olha tb faço questão de ir ver, mas tb n sabia desse exagero de preço! Bolas vou pensar melhor! Como se costuma dizer: vão roubar para a estrada! :-D

Babe Certificada disse...

Concordo na questão monetária. Realmente, é muito caro, mas também aceito que deve ser necessário, pois não falamos de umas peças quaisquer. Quanto à exposição em si... lamento, não conseguiria ver. Fico branca, só de ver um cortezinho no dedo...

Anónimo disse...

Não estou interessada na exposição, e por esse preço muito menos!
Mas já tens uma voluntária para te fazer companhia, assim que não irás sozinha ver os cadáveres... :-)

Precious disse...

Kitty, é pesar bem o interesse por um lado e o custo por outro. De facto, é o tipo de coisa que não se vê todos os dias e que aparecerá por estes lados tão cedo.

Babe, não te tinha por rapariga comichosa, mas estás no teu direito. Quanto ao custo dos objectos, geralmente os cadáveres são doados, logo não é por aí.

Black Cat, calculei que não fosse a tua cena...

Babe Certificada disse...

MP, ah, mas sou... claro que não havendo solução, lá tenho de arranjar estômago e fazer o necessário... mas neste caso... não. Eu sei que os cadáveres são doados, mas a manutenção destes deve ficar cara.

Maria Felgueiras disse...

Questão interessante - não a dos preços dos bilhetes mas sim a da questão da profanação dos cadáveres.

Se houve coisa que há tempos me fez confusão foi pensar exactamente nas múmias desenterradas do seu eterno descanso para estarem expostas ao olhar curioso de quem por elas passa.

Ainda muito recentemente no Museu das Ruínas do Carmo olhava para uma das múmias lá exposta num misto de fascínio, curiosidade e, admito, vergonha também por estar ali a tomar parte naquilo que de facto considero uma profanação.

Por isso não irei ver a exposição.

Precious disse...

Satine, aceito e compreendo perfeitamente a tua posição, mas sou de opinião contrária. Acho a questão tão pertinente (cadáveres, o que são e o que pode ser considerado profanação) que vou fazer um texto sobre a mesma. Aliás, pensei no assunto ao escrever sobre a exposição.
Adoro múmias (salvo seja) e ainda ontem dizia à minha amiga AC que adoraria ir visitar o convento do Carmo. Acabaste de me dar mais um motivo para ir.

Eumesma disse...

Estou nesse dilema também, gostava de ir, mas considero o preço uma exorbitância...não sei...
E conheço mais pessoas neste dilema...

Mesmo tendo em conta que transportar os coropos não deve ser tarefa fácil e implicará mtos custos, temos que ver que não estamos nos States, há que ajustar os preços á realidade de cada país.

Veremos..

Precious disse...

Estou mesmo a ver que o sucesso da exposição vai depender do brado de causar. Se se tornar fino ir, lá vai a macacada toda. Senão, será um falhanço.

Aline disse...

Oi Precious!
Vi seu link no blog da Might Aphrodite e não pude deixar de ler este seu post.
Esta exposição esteve no Brasil e não pude ir porque ficou muito cheia, não havia mais ingressos e com filas enormes.
Aproveite é interessante, muitos colegas foram e gostaram.

Beijos

Aline disse...

Não falei sobre questão do valor.
Também acho um absurdo, mas é interessante.
Aqui no Brasil esta exposição foi em conjunto com outra sobre Leonardo Da Vinci e seus projetos, quem visitasse as duas tinha um desconto rídiculo. O valor de cada uma era R$30,00, algo em torno de US$15,00 cada uma, o Brasil tem o salário mínimo de R$380,00.

Beijos

Precious disse...

Olá, Aline, bem-vinda.
Agradeço a informação sobre o preço, confesso que ia procurar no google para ter uma ideia de como teria sido noutros países. Mas acho que terá sido muito caro em todo o lado por causa de toda a publicidade e polémica que rodeia a exposição.